MST
Mas hoje eu venho através do Blog
falar sobre um movimento social específico e que muito marca a história da
minha família e a minha vida. Minha intenção é desmistificar o que tanto se
fala de negativo sobre o MST “Movimento Sem Terra”. A causa principal do MST é
a luta pela terra.
Vamos tentar entender a partir da
Constituição 1988, neste ano criaram-se alguns artigos sobre a posse de terras.
Destacando alguns artigos temos, que:
“Art: 184. Compete à união
desapropriar por interesse social, para fins de Reforma Agrária, o imóvel que
não estiver cumprindo sua função social [...]”
“Art:186. A função social é cumprida
quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios de graus de exigências
estabelecidos em lei [...]”
Expressão Universitária Novembro. 2012
Então a ocupação de
terras feita por guerreiros que buscam uma vida melhor para sua família, é só
uma forma de cumprir-se o que está na Constituição, pois terras improdutivas
devem deixar de serem latifúndios e passarem a ser o coração que da vida para o
povo que precisa de um pedaço de chão. Se lembrarmos do “Art:184” teremos claro
que ninguém do MST rouba nada de ninguém.
Sim eu uso a palavra ROUBA, por que é o
que a grande parte da população pensa sobre o povo Sem Terra.
“O MST é o terrorismo oficializado” 05/11/2009 Revista Veja
“Ladrões invadem
área restrita” 24/02/2015
Globo News
A partir destas manchetes
publicadas, quem vai ler e não tem base ou não sabe o que é o MST, certamente
ira entender como está descrito.
Pois, o povo acostumou-se a
entender do jeito que a mídia passa, e não nos preocupamos em entender e
compreender as propostas e a real história do movimento. Aceitamos “Isso sempre
foi assim”.
Em 1850, com a criação da Lei sobre
Terras, proibiu a posse. A terra poderia apenas ser comprada. Mas pense comigo
em um Brasil onde reinava a pobreza, e não tinha se dinheiro nem para comer,
teria dinheiro para comprar terras? Podemos afirmar que os latifúndios
cresceram e intensificou a desigualdade social que ajudou para hoje sermos o
terceiro país mais desigual.
Vou tentar explicar por que defendo
o MST. Em 1985, aconteceu a primeira ocupação de terras do Oeste Catarinense,
contava com 1500 famílias, incluído meus avós e meu pai que se somavam a todas
essas famílias, estavam todos em busca de uma vida nova.
Contam que ao chegarem em Abelardo
Luz, SC no interior no dia 25 de Maio, em uma madrugada fria, os caminhões
foram barrados por pistoleiros no único a acesso a fazenda que era uma ponte de madeira, eles
atearam fogo na ponte para impedir a passagem. Mas as mulheres como exemplo de
lutadoras e principalmente querendo dar um futuro aos filhos, não iriam desistir
depois de tantos km percorridos e tanto sofrimento. Como guerreiras que lutam
por seus ideais pularam dos caminhões e apagaram o fogo. A partir daquele
momento iniciava uma nova história, no romper da aurora o frio e o ronco dos
caminhões foram superados pelos gritos de Reforma Agrária.
Hoje 30 anos e 9 meses depois, muito
lutou-se mas principalmente muito conquistou-se. Somamos 27 assentamentos, onde
destaca se dois. A 25 de Maio e a José Maria.
Eu moro no assentamento 25 de Maio, nasci
e vivo aqui tenho uma história e uma grande gratidão ao meu povo lutador. Ainda
estamos em processo de evolução, mas já contamos com várias coisas importantes
dentro dos nossos Assentamentos como: Unidade Básica de Saúde, com médico,
dentista e farmácia; Escola de Ensino Fundamental e Médio; Cursos Técnicos; Rádio
Comunitária; Tele centro; Temos uma Cooperativa que é mantida pelos pequenos
produtores, maioria produtores de leite, temos o laticínio; APAE; Área de
lazer, campo de futebol, quadra e ginásio;
Mas também a vários trabalhos
principalmente com a juventude Sem Terra, como por exemplo, o grupo de teatro,
e o grupo de danças gaúchas tradicionalistas.
Temos uma história e o preconceito de
muitos não vai apaga- lá, não me importo de ser chamada de “fumacinha”,
“assentada”, “ladrona” ou qual quer algo do tipo, pois só minha história
contara e desmistificar esse pensamento preconceituoso que criou se nas
pessoas. Sou assentada e tenho muito orgulho. E certamente continuaremos na
luta pela TERRA.
“Ser Sem Terra ser guerreiro com a
missão de semear a terra...” Pedro Munhoz
“Juventude que ousa lutar, constrói o projeto popular”