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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

MST

           

        
Muito que se ouve falar de movimentos sociais, mas na realidade o que são movimentos sociais? Gosto de pensar como um modo de ação coletiva que envolve algum conflito.                                              
           Mas hoje eu venho através do Blog falar sobre um movimento social específico e que muito marca a história da minha família e a minha vida. Minha intenção é desmistificar o que tanto se fala de negativo sobre o MST “Movimento Sem Terra”. A causa principal do MST é a luta pela terra.


          Vamos tentar entender a partir da Constituição 1988, neste ano criaram-se alguns artigos sobre a posse de terras. Destacando alguns artigos temos, que:
          “Art: 184. Compete à união desapropriar por interesse social, para fins de Reforma Agrária, o imóvel que não estiver cumprindo sua função social [...]”
           “Art:186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente,  segundo critérios de graus de exigências estabelecidos em lei [...]”
                                                                      Expressão Universitária Novembro. 2012
             Então a ocupação de terras feita por guerreiros que buscam uma vida melhor para sua família, é só uma forma de cumprir-se o que está na Constituição, pois terras improdutivas devem deixar de serem latifúndios e passarem a ser o coração que da vida para o povo que precisa de um pedaço de chão. Se lembrarmos do “Art:184” teremos claro que ninguém do MST rouba nada de ninguém.
          Sim eu uso a palavra ROUBA, por que é o que a grande parte da população pensa sobre o povo Sem Terra.
 “O MST é o terrorismo oficializado” 05/11/2009 Revista Veja                                                                                                           “Ladrões invadem área restrita” 24/02/2015 Globo News
             A partir destas manchetes publicadas, quem vai ler e não tem base ou não sabe o que é o MST, certamente ira entender como está descrito.
             Pois, o povo acostumou-se a entender do jeito que a mídia passa, e não nos preocupamos em entender e compreender as propostas e a real história do movimento. Aceitamos “Isso sempre foi assim”.
            Em 1850, com a criação da Lei sobre Terras, proibiu a posse. A terra poderia apenas ser comprada. Mas pense comigo em um Brasil onde reinava a pobreza, e não tinha se dinheiro nem para comer, teria dinheiro para comprar terras? Podemos afirmar que os latifúndios cresceram e intensificou a desigualdade social que ajudou para hoje sermos o terceiro país mais desigual.
           Vou tentar explicar por que defendo o MST. Em 1985, aconteceu a primeira ocupação de terras do Oeste Catarinense, contava com 1500 famílias, incluído meus avós e meu pai que se somavam a todas essas famílias, estavam todos em busca de uma vida nova.
           Contam que ao chegarem em Abelardo Luz, SC no interior no dia 25 de Maio, em uma madrugada fria, os caminhões foram barrados por pistoleiros no único a acesso  a fazenda que era uma ponte de madeira, eles atearam fogo na ponte para impedir a passagem. Mas as mulheres como exemplo de lutadoras e principalmente querendo dar um futuro aos filhos, não iriam desistir depois de tantos km percorridos e tanto sofrimento. Como guerreiras que lutam por seus ideais pularam dos caminhões e apagaram o fogo. A partir daquele momento iniciava uma nova história, no romper da aurora o frio e o ronco dos caminhões foram superados pelos gritos de Reforma Agrária.
          Hoje 30 anos e 9 meses depois, muito lutou-se mas principalmente muito conquistou-se. Somamos 27 assentamentos, onde destaca se dois. A 25 de Maio e a José Maria.
         Eu moro no assentamento 25 de Maio, nasci e vivo aqui tenho uma história e uma grande gratidão ao meu povo lutador. Ainda estamos em processo de evolução, mas já contamos com várias coisas importantes dentro dos nossos Assentamentos como: Unidade Básica de Saúde, com médico, dentista e farmácia; Escola de Ensino Fundamental e Médio; Cursos Técnicos; Rádio Comunitária; Tele centro; Temos uma Cooperativa que é mantida pelos pequenos produtores, maioria produtores de leite, temos o laticínio; APAE; Área de lazer, campo de futebol, quadra e ginásio;
       Mas também a vários trabalhos principalmente com a juventude Sem Terra, como por exemplo, o grupo de teatro, e o grupo de danças gaúchas tradicionalistas.
      Temos uma história e o preconceito de muitos não vai apaga- lá, não me importo de ser chamada de “fumacinha”, “assentada”, “ladrona” ou qual quer algo do tipo, pois só minha história contara e desmistificar esse pensamento preconceituoso que criou se nas pessoas. Sou assentada e tenho muito orgulho. E certamente continuaremos na luta pela TERRA.
       “Ser Sem Terra ser guerreiro com a missão de semear a terra...” Pedro Munhoz
        “Juventude que ousa lutar, constrói o projeto popular”